CORAGEM
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Francisco era um homem franzino, de cabelos negros, olhos cor
de mel, com um largo sorriso no seu rosto.
Estava vindo da faculdade de arquitetura
noturna, trabalhava com o pai como pedreiro, conhecia o oficio desde os 12 anos
de idade, que para ele, na época era seu brinquedo, jogar com a pazinha o
cimento na parede e alisava até ficar cem por cento.
Trabalhava com a mesma equipe desde que
completara 18 anos, estava com 24 anos e
prestes a se formar.
Ele, o pai, o capataz e um arquiteto de
confiança estavam pensando em abrir uma empresa onde se encontra de tudo,
materiais de construção, acessórios básicos, até maquetes de casas e
apartamentos, junto com plantas interiores e das fachadas. O único problema é a
falra de dinheiro.
Chico ficou surpreso ao ver o pai acordado
até aquela hora, beijando na testa do pai.
__Acordado até a essa hora? Aconteceu alguma
coisa com a mãe?
__Sua mãe está bem, está dormindo, nem vi
que o tempo passou pensando muito.
__Não pensa muito, senão morre o burro...
O pai riu e resolveu falar:
__Sabe o que é Chico? Hoje como sempre, fui
beber com o Alex, mas o Jonas não ficou conosco, tinha compromisso com a
namorada. Bebidas para cá, petisco dacolá, como sempre, falamos da nossa futura
empresa. Perguntei a ele, que ele sabia de qual o valor estimado para começar a montar a empresa. Ele me disse mais
ou menos 50 mil, começando pela loja de material de construção, assim parecido como a Leroy Merlin ou C&C. E aqui estou
pensando, sabia que desde os meus dez anos de idade guardo o que sobra na minha
poupança?
Chico ficou surpreso, pois o pai nunca
falava desse assunto.
__Não, pai. Nem sabia que o senhor tinha
poupança.
__Está certo que aos dez anos, não poderia
mesmo ter nem uma conta, imagine uma poupança.Quando fiz 18 anos, abri a conta
mais a poupança. E na semana passada, eu vi que tenho um saldo positivo de mais
de 100 mil reais. Eu poderia pegar os 50 mil para termos a nossa própria loja,
mas ...
__Mas...o que pai?
__Se não der certo?
__Pai, moramos numa cidade do interior, só
tem uma loja de material de construção na outra cidade, mesmo assim, é por
encomenda, se a gente ter essa loja, vai ter todos os materiais necessarios
para a casa toda, até piscina teremos e de boa qualidade como o senhor mesmo
sabe, das marcas. E além do mais, essa cidade está crescendo, pois é o caminho
para a cidade histórica, vejo que muitas pessoas estão comprando terrenos. E
teremos lucros sim, depois expandiremos a nossa matrix e vamos instalar as
filias em outras cidades, com materials de boa qualidade.
__Está bem, me conveceu, mas não quero parar
de trabalhar não.
__Muito pelo contrario, nós quatro teremos o
dobro de serviços.
Antonio abriu um largo sorriso e apertou a
mão do filho.
__E a gente vai fazer um bom negocio, sócio.
__Deixe ver que horas são, que droga, já é
mais de meia noite.
__Você está querendo falar com Alex, não é?
__Sim. Mas já passa mais de meia noite.
__ Você pensa que ele
estã dormindo a essa hora? Não, ele costuma dormir lá pelas três horas e acorda
as 8 horas, todo santo dia.
__Então, posso telefonar para ele? Vou
chamar também o Jonas.
__Não faça isso.__o rosto de Antonio ficou
triste__e respondeu num fio de voz:
__O Jonas odeia Alex e a...
__A... o que pai?
__A você filho.
__Mas porque?
__Ele fica revoltado porque são formados em
faculdade, e a inveja é mã conselheita.
__Tem razão, pai. Mas Jonas não se esforça
para mudar de vida.
__Ele é acomodado, eu sei, filho.E sabe de
uma coisa? Vou fazer curso de contabilidade, adoro fazer contas.
__Isso, pai. Já temos um contador na
empresa.
O rosto de Antonio ficou triste, já achando
que o filho preferia outro contador.
O filho percebeu e disse:
__Não estou falando de outro contador e sim
do senhor, vamos iniciar a nossa empresa já tendo um contador que é o senhor,
pai!
O rosto de Antonio se distendeu e abriu um
sorriso com falhas nos dentes e Chico disse:
__Para isso, temos que receber as pessoas
com nossos sorrisos, e o senhor precisa ir no dentista e para ontem.
Antonio fez careta, pois odiava dentista,
mas viu que era necessário.
Chico chamou Alex para ter reunião na casa
de Antonio.
E assim, o rapaz se inteirou de tudo, mas
eles estavam numa sinuca, pois fizeram pacto com Jonas e não queriam faltar com
o respeito.
Por
uns tempos não comentaram, estavam pensando numa saida, quando Jonas marcou uma
reunião urgente com os três.
Eles estavam tensos, não sabiam o que o
rapaz queria.
Assim que Jonas viu os três reunidos, disse
feliz:
__Fui convidado para trabalhar em São Paulo
e pagam bem! Me desculpem pelo pacto da sociedade, eu não desejo os prender por
minha causa. Agora, daqui a duas horas pegarei um avião pago pela empresa.
Os três vibraram de alegria com a decisão de
Jonas em se desfazer da sociefade e pelo emprego que parece que caiu do ceu.
E seis meses depois, a companhia Alchino,
empresa de materiais de construções e construtora, estava dando lucro.
Enfrentaram com a coragem de vencer na vida,
com suas próprias mãos.
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