Você sabia? Café pode
ajudar a aliviar o estresse
Estudo
mostra que a cafeína bloqueia receptor do estresse no cérebro. Cientistas
procuram substância semelhante, mas sem efeitos colaterais
Cada vez mais pessoas
sofrem de estresse, seja no trabalho, no trânsito ou na vida pessoal – e muitas
não procuram formas de lidar com os fatores que o desencadeiam.
Para quem se
identifica com a situação, há um vislumbre de esperança vindo da Alemanha, onde
pesquisadores descobriram que muitas pessoas bebem mais café em períodos de
estresse — uma espécie de automedicação contra os sintomas.
Quem está em
permanente confronto com os colegas ou assume um prazo apertado atrás do outro
com o chefe pode estar sob estresse constante. E isso tem consequências.
"O estresse
crônico faz com que a pessoa fique deprimida, ansiosa, incapacitada de tomar
decisões e sem conseguir pensar direito. Esses são os principais efeitos, tanto
nos seres humanos, como nos animais", explica Christa E. Müller,
professora do Instituto de Farmácia da Universidade de Bonn.
Estimulante popular, o
café não deixa apenas a pessoa mais acordada e fortalece a memória. A cafeína,
provavelmente, também reduz os efeitos do estresse.
O composto químico
bloqueia um mecanismo no cérebro que desencadeia diversos sintomas do estresse
no corpo. Se o mecanismo é interrompido, os sintomas desaparecem, como
demonstraram pesquisadores em testes com camundongos.
"Os ratos
voltaram a ser completamente normais, não tinham mais sintomas de estresse. A
capacidade da mente deles melhorou drasticamente. Eles estavam menos ansiosos e
não mais deprimidos. Pensamos que o mesmo pode acontecer com humanos, há
evidências de que a cafeína atua como antidepressivo e que melhora a habilidade
intelectual", diz Müller, que já examinou o assunto junto com um grupo de
pesquisa internacional.
Corrida ao receptor
Os cientistas têm
feito grandes progressos na investigação sobre o tema. Eles procuram entender o
que acontece no organismo que desencadeia os sintomas do estresse, um processo
bioquímico altamente complicado no cérebro.
A adenosina,
substância causadora de estresse, encaixa-se em uma ligação das células
cerebrais, e os sintomas de tensão surgem. A cafeína, porém, bloqueia essa
substância, afastando os sintomas. É como se ela ganhasse a
"corrida".
"É possível que o
receptor não se ligue à adenosina, mas sim à cafeína. Podemos ver que essas
ligações têm posições muito semelhantes, é como se, quando a cafeína se conecta
ao receptor, a adenosina não consegue mais fazer a ligação. Ou seja, os sinais
de estresses são interrompidos no princípio", diz Dominik Thimm, também do
Instituto de Farmácia da Universidade de Bonn.
No entanto, cafeína em
doses elevadas gera efeitos colaterais indesejáveis: mantém a pessoa acordada,
provoca incontinência urinária e pode levar à hipertensão. Por isso, os
cientistas procuraram substâncias que protejam o organismo do estresse do mesmo
modo, mas sem esses efeitos colaterais.
"A cafeína é uma
substância com eficácia relativamente fraca e não é seletiva, ou seja, ela
provoca alguns efeitos colaterais. Assim, pensamos em produzir uma substância
muito mais forte. Conseguimos introduzir na cafeína um resíduo gorduroso que tornou
a molécula mil vezes mais potente. Esse resíduo se encaixa perfeitamente na
bolsa de ligação do receptor, que tem exatamente o mesmo tamanho e forma. Por
isso, esse composto se liga particularmente bem e com força a esse
receptor", explica Müller.
Se a nova substância
para tratar o estresse também funciona em seres humanos, apenas os estudos
clínicos com pacientes poderão mostrar. Até lá, é preciso se contentar com o
efeito redutor de estresse da cafeína.
https://www.terra.com.br/noticias/educacao/voce-sabia/como-o-cafe-pode-ajudar-a-aliviar-o-estresse,1207a0a354983ccc6a556e728b8d206ajwpwRCRD.html
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