O AMIGO DE QUATRO PATAS
Marina
estava indo à padaria a pedido da mãe, comprar pães. Na volta, viu com espanto
um saco se mexendo. O que haveria naquele saco? Ficou temerosa em abri-lo, mas
a curiosidade foi maior .
Já
estava se afastando, olhando para trás, assustada quando viu saindo pela boca do saco um focinho. Decidida,
voltou, antes de abrir o saco, espiou por dentro, era um filhote de cachorro Um
cãozinho de dias de vida.
Afoita,
abriu o saco e descobriu um cãozinho com manchas marrons ao redor do olho,
corpo todo branco. Sem esquecer dos pães, levou o filhote para casa, entrou
sorridente com o cachorro no colo, e se assustou com os gritos da mãe:
__Não
quero esse cachorro aqui, fora com ele!
__Mas,
mãe, ele estava dentro de um saco plástico, o abandonaram! Você não tem
peninha?
__Não
interessa! Fora com ele! Não quero bichos em casa!
Marina
saiu com olhos cheios de lágrimas, se sentando na frente da casa. Ela tinha
sete anos, era única menina e tinha dois irmãos que iam a qualquer lugar,
tinham 9 e 11 anos, mas nem por isso não a incluíam nas brincadeiras, como
jogar, soltar pipas e brincar de carrinhos e eles também brincavam com bonecas,
chás de brinquedos. O mais velho, com 11 anos apenas, tinha uma amiguinha da
mesma idade, que adorava se reunir com os irmãos de Mauricio.
Marina
esperava ansiosa pelos irmãos Gustavo, Mauricio e quem sabe a Isabel, a amiga dele, para a ajudarem com o dilema do filhotinho.
Assim
que os viu, foi correndo mostrar aos irmãos, eles ficaram encantados, Mauricio
perguntou:
__Mamãe
deixou?
__Não
deixou, mesmo falando para a mãe que o encontrei dentro do saco plástico.
Gustavo
ficou atônito:
__Fala
sério, Marina? Realmente o encontrou dentro da sacola?
Mauricio
disse serio:
__As
pessoas são maldosas, abandonam animais e até bebês.
Marina
se assustou:
__Bebês
também?
Mauricio
confirmou e disse:
__Vamos
escondê-lo no meu terraço, mas é preciso tomar cuidado com as alimentações, bastante
água, banho e até ensinar ele a fazer as necessidades no lugar certo, já
escolheu o nome?
__Eu
pensei em malhado, por causa dessas manchas marrons.
__Malhado?
Não gostei. Que tal Pink?
__Bonito
o nome, mas é macho?
__É
macho.
__Pink!
Mauricio
colocou o cão dentro da mochila, deixando só a ponta aberta para entrar ar,
subiu antes que a mãe o visse.
Instantes
depois, Mauricio desceu, dizendo:
__Estou
com muita fome.
A
mãe disse:
__A
sua dieta acabou? Deixe de bobagem de
dieta, você está em fase de crescimento, encha a quantidade que você quiser.
Mauricio
olhou apavorado para a quantidade no seu prato, Marina e Gustavo contiveram as
suas risadas.
Após
o almoço, Marina pegou duas garrafas de água, a mãe nem ligou, pois sabia que a
filha adorava beber água toda hora, Gustavo, pegou uma caixa de leite sem a mãe
o ver, e colocou debaixo da blusa, que era larga.
Os
três subiram para o terraço da parte de Mauricio, a outra parte era de Gustavo,
Marina dormia no mesmo andar de seus pais. Viram o cachorrinho ganindo,
rapidamente Mauricio pegou um prato vazio com fundo, e colocou leite no
pratinho.
As
crianças brincavam com o cachorrinho, o ensinavam a fazer necessidades no jornal. As crianças se revezavam diariamente
nos cuidados com o cachorrinho. Antes de completar dois meses, já ia sozinho
fazer as necessidades na caixa de areia própria. Estava crescendo forte e
bonito, mas precisava do sol, não podiam
se arriscar.
As
crianças estavam eufóricas, era época de Ano Novo, e iriam passar dois dias na
casa dos tios, mas se lembraram de Pink. E agora?
Mauricio
conversou com Isabel para ver se ela podia tomar conta de Pink e ela estava com
um sorriso nos lábios, disse:
__Que
tal passar o Ano Novo na minha casa? Mamãe convidou você e a sua família para o
evento.
Mauricio
sorriu de orelha a orelha. Levou Isabel, repetindo o convite da sua família
para o evento.
Os
pais ficaram surpresos, mas aceitaram o convite com prazer.
Como
a casa ficava na outra rua transversal, o casal e as crianças entraram,
Mauricio foi direto conversar com a mãe de Isabel e abraçar o pai da amiguinha,
que reconhecendo o pai de Mauricio nos tempos da escola, os dois ficaram
contentes em se reencontrarem e reativaram a amizade.
As
crianças corriam alegres, dando voltas com dois cachorros de raça pastor
alemão, são mansos. Daniel, o pai de Isabel, sabendo do segredo do cachorrinho encontrado pela Marina, disse
para o Marcos:
__Estão
vendo que os cachorros Thor e Ollin são mansos? Foram criados e educados a fazerem as necessidades nas caixas
de areia, comem bem, e bebem bastante água e correm livres ao sol, mas tem um
ponto fraco: morrem de medo dos fogos__assim que Daniel falou, arregalou os
olhos, deu um toque no amigo, pediu licença. Foi atrás de Mauricio, dizendo:
__Antes
dos fogos começarem, vai até a sua casa, pegue o seu cachorro e o acalme, por favor, senão
vai ser um caô sozinho lá, chorando e tentando sair. Daniel não viu que Marcos
o seguira, ouvindo as palavras do amigo, perguntou que história era aquela do
cachorro:
__A
Marina vai explicar, enquanto trago Pink para perto da gente.
__Pai,
eu o encontrei abandonado dentro de uma sacola e entrei com o Pink na nossa
casa, e mamãe não deixou. E desde então o escondemos no terraço por dois meses.
Marcos
, que gostava de cachorros, chamou a mãe para conversar. Soraia confessou que
realmente não deixou que Marina entrasse
com o filhote, mas, já era tarde, e ficou sem graça quando viu o cachorrinho
nos braços de Mauricio. Quando o pai viu o cachorro , o amou. Disse:
__Tem
cara de Malhado, mas Pink é um bonito nome, gostei.
Soraia
se resignou, ficando até feliz.
O
cachorrinho pulou para o chão, indo direto para a caixa de areia de Thor e fez
xixi. Voltando para os braços de Marcos, as crianças ficaram com ciúmes, mas
entenderam.
Quando
os fogos soaram no céu, os cachorros fugiam de medo. Pink estava trêmulo, nervoso,
mas seguro nos braços de Marcos.
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