MINHA
VIDA
Na semana passada, leram os meus
sofrimentos, hoje direi um pouco da minha vida.
Segundo me contaram, nasci prematura de peso, apenas com 2, 100 e
arghhhh, engoli mecônio`(fezes do feto) , fiquei uma semana no hospital com
1,900kg.
. E fiquei sabendo
também que o médico disse que eu poderia
apresentar muitos problemas ao longo da
minha vida.
Operei meu olho ,com um mês de vida, pois
tinha o canal lacrimal entupido e, durante a operação, descobriram uma catarata
congênita e diagnosticaram que eu tinha microftalmia, pois minha retina era
atrofiada.
Aos 11 meses, antes de completar um ano de
idade, operei catarata e também estrabismo nesse meu olhinho cego para ficar na
mesma direção do meu olhinho bom.
Quebrei o braço ao tentar dar os primeiros
passos, colocando gesso.
Aos quatro anos, descobriram que sou surda.
Aos seis anos, fui a fonoaudióloga, para
aprender a falar. Com ela e minha mãe, descobri o prazer de ler.
Mudei de um apartamento para uma casa de
três andares, conhecendo algumas crianças, que se tornaram uma grande amizade
para toda a vida. Já se passaram mais de
41 anos e até hoje considero todos meus amigos.
Aos nove anos, depois de ter tido alta de hepatite, me vestindo de mulher maravilha,
correndo pela vila, fui derrubada e caí
sobre o meu pulso ficando engessada por dois meses.
Comecei a tocar piano, flauta doce e
contralto, xilofone, e fazendo expressão corporal. Era meu encontro com a arte.
Comecei a tirar nota A em ortografia.
Fui para um colégio particular. Tirava
notas ótimas em redação e em leituras extra classe, pois adorava ler. Lembro
muito do livro “ Menino de Asas”, em
cuja avaliação também consegui nota 100.
Fui visitar o INES ( Instituto Nacional de
Educação aos Surdos) para saber um pouco sobre a parte social que ele poderia
me oferecer, e durante a conversa com umas das coordenadoras, fui convidada a
trabalhar. Aceitei imediatamente, porém minha mãe impôs como condição que eu terminasse
o segundo grau à noite. Afinal eu estava no segundo ano.
Comecei a trabalhar com 18 anos, na
Dataprev, onde encontrei muitos deficientes auditivos como eu.Com eles aprendi
Libras e , em pouco tempo eu já era intérprete dos surdos junto à chefia, eu
passei a ser bilíngue.
Tive bons amigos, e hoje já estamos com 32
anos de amizade.
Tive meu filho. Que paixão por esse garoto!
Hoje ele já é um homem de 28 anos, estudioso, talentoso, digno, amoroso. Muitas
vezes eu vejo como meu bebê. Mas, em muitas
situações, ele também se comporta como meu pai.
No quinto aniversário dele, minha perna
puxou, e eu nem sabia o que estava
acontecendo. Mais tarde soube que fora um pequeno AVC, que tirou as habilidades
da minha mão, a mesma com a qual escrevo e assino, e minha perna, de vez em
quando, manca.
Em 2003, quebrei o pé. Fiquei por 90 dias
sem andar. Engordei bonito. A minha carne ficou no pega.
Em 2006, operei glaucoma. Ih, que droga! O
meu foco da visão muda de ângulo.
Ah, comprei um apartamento com o suor de
meu trabalho. O meu lar, em que tenho trabalho, como lavar a louça, varrer,
fazer a cama, lavar a roupa, isso foi em 2007.
Em 2008, tive uveíte, o que fez com que eu
não enxergasse mais direito.
Em 2010, depois de 25 anos sem completar o
segundo grau,consegui me formar.
E em 2013, vendi o meu apartamento e mudei
para outro bem melhor, um lindo lar,
perto da minha família. Minha mãe, ao me ver perto dela, suspirou de alivio, de
puro amor. Afinal já não tínhamos mais a presença de meu pai, que se fora em
2012.
Foi nessa época também que me aposentei por
invalidez. Nessa ociosidade, comecei a escrever compulsivamente, e criei vários
livros. Consegui editar e lançar o meu primeiro livro de poesias, com o titulo
Pedaços de Mim, em 2015.
E desde então, cercada de muito amor,
carinho, escrevi mais de 10 livros.
Sei que tive e tenho uma vida rica em
experiência, passei por duras provas e , com muita fé e com a presença de Deus
no meu coração, vou vencendo os obstáculos e aceitando os desafios com alegria
e gratidão.
Sei muitas pessoas passam por situações
que parecem impossíveis de se ultrapassar, mas acreditem que um dia tudo
passa...
E poderia comentar ainda mais. Mas não
comentarei a minha vida privada, das minhas experiências amorosas, em que a
vida me ensinou a calar.
E ai? Alguém quer trocar de lugar
comigo? kkkkkkk
Denise Fonseca
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