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VOLTANDO A SER CRIANÇA


Mauro volta do trabalho cansado, entra no seu apartamento, acende a luz, pois morava sozinho. Era divorciado, tinha dois filhos, que moravam com a mãe e o novo marido.
     Os filhos gostavam muito do padrasto, que era professor e estudava com eles em casa, menos preocupação para Mauro, que pagava todo mês a pensão alimentícia dos filhos Henrique e Helena, um casal de gêmeos.
     Foi tomar banho, fez o jantar, preparando o quarto dos filhos, que moravam perto, ele fazia questão de buscar os filhos, não queria de forma alguma que saíssem sozinhos, mesmo eles tendo 12 anos e sabendo o caminho. Mas não admitia que saíssem sozinhos, confiava nas crianças, mas não no mundo, a mãe concordava e o padrasto também.
     Graças a Deus que no dia seguinte era o início das férias do trabalho, precisava descansar.
     Andou uns dois quarteirões, vendo que seus filhos conversavam animados com Antero. Mauro riu, gostava de Antero, o marido de sua ex esposa.
     __Olhe quem vem vindo !__disse rindo Antero ao ver Mauro. E os dois homens se abraçaram, os filhos beijaram o pai, deram tchau ao padrasto.
     Henrique, animado ao chegar à casa do pai, contou que um pai de seu colega da escola convidou -o e a sua irmã para ficarem na casa de praia,  disse que já haviam pedido permissão para a mãe, mas esperavam com ansiedade que o pai também consentisse.
     Mauro engoliu em seco, perguntou:
     __Vão ficar sozinhos, sem a sua mãe, ou Antero?
     __Sim, pai. Já temos 12 anos, deixa pai!
     No fundo do coração, a resposta seria não, mas ao olhar os filhos, disse com um fio de voz:
     __Deixo, que dia vocês irão?
     __Quinta feira e voltaremos domingo.
     __Está bem.
     As crianças foram dormir contentes.
     Mauro estava preocupado, queria ser uma mosca para ficar perto deles.
     No fim de semana, saíram para ir ao cinema, shopping, praia no domingo. Quando chegou a noite, dissera aos filhos:
     __Façam uma boa viagem a Cabo Frio, também viajarei nesse fim de semana.
     Na verdade, ele queria ficar de olho nos filhos, mas tinha medo que eles o achassem que não confiava neles.
     Na segunda, foi a uma loja comprar barraca de camping, acessórios, comprou passagem na terça. Chegou a praia, conferindo o endereço em que as crianças iam ficar, satisfeito em ver que o apartamento era na frente da praia.
     Estacou  a barraca nas areias, tinha num canto mais duas barracas.
     Saiu da barraca disposto a colocar o disfarce, foi a várias lojas, nada. Esteve na última loja, de Antiguidades, nada que se disfarçava, um vendedor lhe mostrou uma bola de cristal, disse irônico:
     __Qualquer desejo que o senhor tenha, faça um pedido a essa bola e será atendido.
     Mauro riu da ironia do vendedor, mas, comprou assim mesmo.
     Foi na barraca, se trocando, colocando um short de elásticos, pensativo, olhando para a bola, disse com ironia:
     __Desejo ser uma criança para ficar perto de meus filhos.
     Sorriu, guardando a bola na mochila, para dormir, fechando a barraca.
     No dia seguinte, era quarta feira, Mauro, se preparou para fazer a barba, colocando o espelho para ver, deu um grito:
     __Que é isso? Estou com rosto de menino, se levantou e ficou espantado ao ver que o short se transformara em bermuda larga.
     Nervoso, saiu da barraca,  fechando-a , foi ao banheiro do bar, pois lá havia espelho grande.
     Mauro se olhou, espantado, fez o que era preciso, saiu do banheiro, sentou-se à mesa, o garçom olhou para ele, perguntando:
     __Cadê seus pais?
     __Estão dormindo na barraca, por favor um copo de café com leite, pão na chapa para viagem.
     __Está bem ,garoto.
     Mauro achou engraçado o homem chamá-lo de garoto.
     Pagou o café, indo a barraca, se sentando. Já de barriga cheia, tentou se lembrar  porque tinha acontecido aquela metamorfose.
     A bola de cristal! A história de realizar qualquer desejo era verdade. Pensou. Ele achou melhor ser criança para ficar de olho nos filhos.
     Foi à loja para comprar roupas adolescentes. Sentiu-se  melhor vestido com aquelas roupas, achando-se ridículo, por sinal.
     Finalmente, viu os filhos, o colega e os pais no carro. Depois de uma hora, as crianças saíram sozinhas para a praia. Que falta de responsabilidade de um dos pais do colega.
     Ficou de olhos abertos fixos  nos filhos, quando deu 17 horas, voltaram para casa.
     A noite, dessa vez com os pais, os observou comendo sanduiches, bebendo refrigerantes.  Ficaram até as 22 horas.
     Assim, foi sexta, sábado, Mauro aprendera que seus filhos sabiam se cuidar. Na noite de sábado, deitado na sua barraca, ele pensou:
     __Meus filhos têm 12 anos, sabem se virar, são educados, vou liberar que eles saiam sozinhos da casa deles para minha e vice versa.
Pegou a bola de cristal, desejando que voltasse a ser adulto, guardou- a de volta, dormindo de tão cansado.
     No dia seguinte, foi acordado com as vozes sérias de policiais:
      __Denunciaram que havia um garoto aqui sozinho.
     __Não, estava comigo, estive doente até ontem à noite, quando o meu irmão o chamou para ir embora nessa madrugada, até esqueceu das roupas.
     __O que o senhor teve?
     __Virose.
     __Melhorou?
     __Sim, se não fosse o meu sobrinho, estaria morto de fome.
     __É, eu vi que ele entrou com bastante coisa, me desculpe senhor, pensei que só tinha o garoto sozinho.
     __Não foi por nada, eu também me preocuparia em ver uma criança sozinha, eu tenho um casal de gêmeos, de 12 anos, que não puderam vir, pois estão viajando com a mãe e o padrasto.
     Mauro, voltou rápido para dentro da barraca, pois viu que os filhos saíram do edifício.
     Mauro, depois de ver os filhos indo embora com o colega e seus pais de volta para casa, resolveu se divertir, mas, antes procurou um mato para enterrar a bola de cristal, pois a brincadeira de realizar os desejos poderia ser mais séria.
     Saiu do mato, sereno, confiante. Entrando nas águas de Cabo Frio. Agradeceu por saber que com aquela transformação em criança pudera entrar na roda de amigos, em que seus filhos estavam, e se orgulhou quando ouviram um sonoro não, quando ofereceram bebidas alcoólicas  a eles.
     Confiar nos filhos é um privilegio.
    

    
OPINIÕES
Democratização do acesso à cultura

     A Cultura engloba toda forma de Arte, sejam  dança, música, folclore, museus, cinemas, teatro, religiosidade, mitologia, artesanato.
      O folclore brasileiro precisa ser valorizado porque é sinônimo de cultura popular brasileira, e representa a identidade social da comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais, tais como: mitos, lendas, contos populares, ritos e cerimônias religiosos e sociais, brincadeiras, provérbios, adivinhações, as receitas de comidas, os estilos de vestuário e adornos, orações, maldições, encantamentos, juras, xingamentos, danças, cantorias, gírias, apelidos de pessoas e de lugares, desafios, saudações, despedidas, trava-línguas, festas, encenações, a gestualidade associada à intercomunicação oral, artesanato, medicina popular, os motivos dos bordados, música instrumental, canções de ninar e roda, e até mesmo maneiras de criar, chamar e dar comandos aos animais.
     A gente pensa que folclore se refere só às manifestações das cidades do interior. Não, o folclore também inclui a cultura das grandes  cidades ,suas expressões próprias da vida nos centros , as lendas urbanas, os reclames dos vendedores de rua, os símbolos, os modelos de arquitetura e urbanismo. (*).
     Estamos constatando que a cultura, nesse momento ,  em nosso país, vem sendo desvalorizada, pois  é preciso decisão política do governo, investindo mais em projetos culturais, incentivando a arte em todas as suas formas, teatro, cinema, literatura,   dança, museus, bibliotecas. No entanto, esse governo só tem cerceado os vários setores da cultua, com censura, ofensas aos artistas, cortes na lei Ro  uanet, com perseguição e ódio aos artistas e com cortes significativos às universidades.
     É preciso reavivar a cultura e só a classe artística e o povo podem conseguir isso, organizando-se, cobrando dos políticos um olhar mais atento ao que está sendo feito com a arte. Um  povo sem arte é pobre de ideias e vazio de sentimentos.
     Essa é a minha opinião e a sua?
(*). Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Folclore_brasileiro





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