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RACISMO REVERSO

Autoria desconhecida 




EXTREMAMENTE IMPORTANTE! !!

A SOFRÊNCIA DE SER BRANCO NO BRASIL

 

Confesso que não suporto mais o peso de ser homem, branco, heterossexual e de classe média. É muita sofrência! E, em se tratando do carma que é a minha identidade, o fardo mais penoso que carrego é o da minha branquitude.

 

Como é difícil ser branco num país que ostenta discurso de democracia racial, mas imprime veladamente o racismo inverso. Um dos casos mais gritantes do tal racismo inverso são nossas polícias, que só têm olhos para os negros.

 

Sinto-me preterido e profundamente desprezado, pois nunca me pararam, nem para uma “geralzinha” básica. Isto é, sou praticamente invisível para eles. Certamente seria bastante diferente se não tivesse a pele branca e os olhos azuis. Além disso, nunca fui seguido por seguranças em shoppings ou lojas. Por que?

Ora, não sou gente? Não existo? A sensação de exclusão é muito dolorosa.

 

Outra grande injustiça que nós brancos sofremos é com relação ao mercado de trabalho. Historiadores comprovam que desde os tempos da escravidão o negro era mão de obra prioritária. Agora pergunto: é justo isso? Significa que a mão de obra do branco já era desprezada desde lá.

 

Andei fazendo o tal exercício do pescoço, sobre o qual muitos falam. A ideia é que deixemos de olhar para o próprio umbigo e observemos o que acontece ao nosso redor, e o que eu constatei? Que só dão trabalho para negros. E contra fatos não há argumentos. Andando pelas ruas passei a observar os garis trabalhando, quase todos negros. Os faxineiros do prédio onde

moro, todos negros.

 

Os trabalhadores que fazem a limpeza em alguns restaurantes que frequento, a imensa maioria negros.

Carteiros, negros. Catadores de recicláveis, negros. Faxineiros em hospitais, hotéis, universidades, grande parte negros.

 

Ou seja, constatei que para nós, brancos, sobram poucas vagas no mercado de trabalho. Temos a nossa disposição apenas os ofícios que existem em menor número: médico, engenheiro, executivo, político, artista, etc. É uma enorme injustiça.

Mas talvez o pior dos cenários seja notado nas universidades públicas do país, com o injusto sistema de cotas. É mais um caso de racismo inverso, ainda que nós, brancos, sejamos a maioria esmagadora a ocupar as vagas. Dizem os que defendem as cotas, que os negros não gozam das mesmas oportunidades dos brancos.

 

Ora, até onde sei todos têm o mesmo direito de se inscrever no vestibular. Se não passam é porque estudam menos. Ou não?

 

A gente paga uma fortuna para formar nossos filhos em escolas privadas. E os negros, a maioria egressa das terríveis escolas públicas, têm o privilégio de desfrutar de 10, 20, até 50% das vagas sem fazer esforço. E são tantos os privilégios que o desempenho dos cotistas é, em média, maior do que os não-cotistas. Isto é, ainda temos que engolir cotistas com notas melhores que nossos filhos. É uma afronta.

 

Há leis para as ofensas seculares contra os negros, mas e nós, descendentes da Casa Grande, como ficamos? Podem nos chamar de branquelos, lagartixas, sinhozinhos e outros apelidos que desabonam nossa raça e não temos nenhum amparo da lei para lutar contra isso.

 

Ainda temos que engolir toda a herança africana em nossa música, nossa língua, nossa culinária, nossa cultura de modo geral e nem sabemos sobre as nossas próprias heranças. Isso é quase uma ditadura racial.

 

Quando tratamos de padrões estéticos a branquitude se torna ainda mais pesada. É só observar a propaganda de produtos para a estética capilar. Se é voltada para o público negro, mostram belíssimos black powers, cabelos volumosos, penteados diversos, dreads, tranças, tudo divino. Pergunto: como vocês acham que se sente alguém branco, de cabelo escorrido, sem volume, que parece ter sido lambido por uma vaca? Isso estimula nosso sentimento de inferioridade e acentua nossos complexos.

 

Padrão estético negro é igual a miss negra. Alguns questionarão sobre o fato de que em 62 anos de concursos só por três vezes negras foram eleitas misses. Para mim é muito evidente que é uma estratégia para disfarçar a brancofobia do país.

 

E a história do Brasil então? Os heróis são negros e os vilões são brancos, repararam? Zumbi, Ganga Zumba, Anastácia, Chica da Silva, todos heroicizados. E os vilões? Senhores de Engenho, escravocratas, Domingos Jorge Velho, etc., todos brancos.

Sem falar na discriminação geográfica que sofremos. Já repararam que as periferias são majoritariamente negras? Grandes favelas, cortiços, palafitas, bairros populares, etc., são ocupados por maioria negra. O que resta a nós nas cidades? Bairros ricos, de classe média e regiões centrais, que invariavelmente são territórios infinitamente menores que as periferias. Sofremos.

 

Como vêem, meus argumentos são irrefutáveis. Não vê quem não quer. A branquitude é um fardo pesado demais para se carregar neste país que odeia brancos. Ser branco e hétero então, é dor profunda. É sofrência demais! Ó mundo cruel. Vida de branco é difícil, é difícil como o quê.

 

* O Ministério das Figuras de Linguagem adverte: contém doses letais de ironia. Precisa avisar porque logo aparece um pra me cancelar.

 

*Texto republicado, pois, a ironia implícita  é ferramenta imprescindível em tempos de fascismo explícito.

 

*A cada pessoa negra morta vitimada pelo racismo estrutural e estruturante, morre também o resquício de humanidade que habita  corpos brancos insensíveis a esta doença social."

 


 

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