VIDA DE UM PROFESSOR

Vi uma pessoa, aliás  algumas pessoas criticando o trabalho dos professores, chamando-os de vagabundos, zombando dos professores que não querem trabalhar nas escolas, por causa  dessa crise de pandemia.

Eu venho de uma família de professores. Minha avó, minha tia-avó, minha mãe, minhas tias, minhas irmãs, minhas primas, são todas professoras e sempre foram muito valorizadas dentro da sociedade, não financeiramente, mas em relação à importância do seu trabalho. Essa  geração de professores que eram olhados com respeito está se acabando, pois a nova geração percebe que os mestres não são mais valorizados, ganham mal, são desrespeitados pelas pessoas , também pelos parlamantares e pelos magistrados, pelo povo em geral. Antes dessa pandemia começar (ai vai o meu relato da uma filha de uma professora), mamãe trabalhava de manhã, à tarde e à noite, com o meu pai  esperando que ela chegasse .

Professora de Literatura Brasileira e Língua Portuguesa, trabalhava todos os dias, em três escolas, e em cada escola lecionava para  três turmas pela manhã, mais três turma de tarde, cada uma com cerca de   quarenta alunos.

Minha mãe, além de chegar em casa, às vezes com voz rouca de tanto falar, ensinando a matéria  do dia, levava quarenta provas ou redações de cada turma.  Depois desse trabalho cansativo, ainda tinha que preencher as notas de cada aluno nos diários de classe, e fazer planos de aula. Antigamente, não havia computador. Mamãe escrevia a mão a matriz da prova e dos exercícios , para serem rodados no mimeógrafo.   Seis turmas de 40 alunos em cada escola.   Via minha mãe, preparando aulas, separando material de revistas e jornais, corrigindo trabalhos e avaliações aos sábados e domingos. E também havia as redações, tinha que ler cada redação, dar conceitos. E as pessoas chamam de vagabundos?

E veio a pandemia, muita gente faz desabafo numa rede social, reclamando das aulas de EAD.

E está aqui um relato de uma delas;

“Só pra terminar a minha revolta: o primeiro filho da puta que falar que professor em casa não trabalha vai vir aqui passar a pilha de roupa que acumulou de três semanas.

Ahh e de quebra te dou 16 planilhas por  turma com cinco abas, pra preencher na sua hora extra classe .

E ainda Te dou 16 grupos de alunos com 8 profs cada , que vc tem que, depois da aula ,voltar tudo achar sua aula  favoritar e apagar as mensgens dos outros.

Ainda te dou 18 grupos de suporte pra ler todos dias,  baixar arquivos  e apagar o restante das msgs.

E DAR AULAS.”

Nesse caso da pandemia, é impossível dar as aulas presenciais, sem ser vacinados.

O governo federal, os governantes e prefeituras têm que manter as escolas fechadas, até que os profissionais da educação, agentes da limpeza, sejam todos vacinados.

Vacinar todos os profissionais da educação é fundamental, para que crianças e adolescentes voltem ás comunidades escolares, por enquanto, com o uso das máscaras de proteção.

E é muita ingratidão dos parlamentares, dos políticos, dos magistrados, dos agentes de saúde, da segurança  para com os professores que ganham mal, se doam para dar aulas e ainda  ganham o desprezo da população e dos governantes, como se não fossem nada. Os professores nos ensinaram a ler, a escrever, a fazer contas, a nos questionar, a fazer críticas, nos prepararam para o mundo e é isso que ganham? Ingratidão, desrespeito e  desprezo.

     Muitas vezes, por falta de verbas, os próprios professores compram pó de café, copos descartáveis para beberem água, material escolar minimamente necessário,  compram quentinhas, quando falta merenda.

O dia em que a educação for levada a sério nesse país e se valorizar mais os profissionais da educação, com certeza estaremos dando um grande passo para que  a superação de vários problemas sociais que são tão frequente em nossa sociedade.

Essa é a minha opinião e a sua?