Você
sabe como surgiu o Cinema?
Em
1985, os irmãos Auguste e Louis Lumière realizaram a primeira exibição pública
cinematográfica. Esse evento é considerado por muitos como o marco inicial do
que conhecemos como história do cinema, no entanto, a possibilidade de criação
do cinema foi resultado do esforço de vários inventores que trabalhavam para
conseguir registrar imagens em movimento. Vem conferir!
Pré-cinema
Ao
longo de séculos, inventos, ideias e dispositivos foram desenvolvidos e
convergidos para delinear os princípios que criariam tecnicamente o cinema. Luz
e sombra, reflexão e refração, os estudos da óptica e cinética, aliados à
fisiologia do olho humano, constituíram os elementos formadores para a técnica
cinematográfica.
Todos
esses inventos e estudos fazem parte do período que hoje chamamos de
pré-cinema. Esse, por sua vez, tem início por volta do ano de 5.000 a.C, na
China, com o “Teatro de Sombras”. Trata-se de uma arte muito antiga de contar
histórias e entreter com bonecos de sombra. A prática consiste na projeção de
sombras, em paredes ou telas de linho, de figuras humanas, animais ou recortes
de objetos e cenários. Sua temática, contada por um narrador, geralmente
envolvia guerreiros, princesas e dragões. E ainda hoje é uma forma popular de
entretenimento tanto para crianças quanto para adultos em muitos países ao
redor do mundo.
Posteriormente,
a primeira “tecnologia cinematográfica” desenvolvida (primeiramente por
Leonardo Da Vinci no século XV, e depois por Giambattista Della Porta no século
XVI) foi a “Câmara Escura”. Esse aparato consistia em uma caixa fechada com um
pequeno orifício coberto por uma lente que permitia a entrada de luz. Assim, a imagem
dos objetos exteriores é projetada no interior da caixa (de forma invertida).
Trata-se da primeira grande descoberta da fotografia, uma vez que o princípio
da propagação retilínea da luz permite que os raios luminosos que atingem o
objeto e passam pelo orifício da câmara sejam projetados em um anteparo
fotossensível na parede da caixa paralela ao orifício, fixando sua imagem.
No
século seguinte, o alemão Athanasius Kirchner se baseia na Câmara Escura para
criar a “Lanterna Mágica”, que funciona no sentido oposto à tecnologia do
italiano Della Porta. O aparelho é composto por uma caixa cilíndrica iluminada
por dentro com uma vela que projeta imagens desenhadas em uma lâmina de vidro.
É o primeiro aparelho destinado a projeções coletivas, onde um narrador,
algumas vezes com acompanhamento musical, se encarregava de contar histórias. A
lanterna mágica se tornou uma grande atração em feiras urbanas, e também foi
muito utilizada no ambiente acadêmico.
No
século XIX, muitos aparelhos que buscavam estudar o fenômeno da persistência
retiniana foram construídos. Este fenômeno seria responsável por manter a
imagem por uma fração de segundo na retina, resultando na ilusão de movimento.
Em 1832, Joseph-Antoine Plateau criou o Fenacistoscópio, o instrumento
apresentava várias figuras de um mesmo objeto em posições diferentes desenhadas
em um disco, de forma que ao girá-lo, essas imagens passavam a formar um
movimento.
No
mesmo século, uma importante invenção aproximou ainda mais o surgimento do
cinema: a Fotografia. Mesmo tendo sido lançada comercialmente em 1839, portanto
na mesma década que o fenaquistiscópio, a fotografia esperou quase 50 anos para
emprestar suas propriedades para o cinema. Inicialmente, eram necessárias horas
de exposição do material sensível para fotografar algo, o que tornava o
intercâmbio técnico da fotografia para o cinema quase impossível enquanto a
primeira não desenvolvesse processos mais ágeis de captação de imagens.
No
fim do século, aparecem aparelhos como o Praxinoscópio e o Fuzil Fotográfico. O
primeiro, construído em 1877 pelo francês Charles Émile Reynaud, consistia num
aparelho de formato circular no qual imagens se sucediam e criavam a sensação
de que estavam se movendo. Inicialmente o uso da máquina era reservado ao
ambiente doméstico, mas em 1888 Reynaud conseguiu aumentar seu tamanho tornando
possível projetar desenhos para plateias maiores, performances essas que
ficaram conhecidas como “teatro ótico”. Essas projeções alcançaram um enorme
sucesso e a máquina só foi superada pela invenção dos irmãos Lumière.
O
Fuzil Fotográfico por sua vez foi desenvolvido em 1878 pelo francês
Étienne-Jules Marey. O instrumento consistia em um tambor forrado por dentro
com uma chapa fotográfica circular. Ele era capaz de produzir 12 frames
consecutivos por segundo, sendo que todos os frames ficavam registrados na
mesma imagem. Seus estudos foram baseados na experiência de Edward Muybridge,
que decompunha o movimento do galope de um cavalo.
Thomas
Edison e irmãos Lumière
Alguns
dizem que o cinema de fato teve início com o Cinetoscópio. Em 1890, o
norte-americano Thomas Edison, que já havia inventado o filme perfurado e uma
película de celulóide capaz de fixar as imagens e projetá-las através de
lentes, produz e exibe uma série de filmes curtos no que seria o primeiro
estúdio de cinema, o Black Maria em West Orange. Esses pequenos filmes não eram
projetados em uma tela grande, mas sim no interior de uma máquina, o Cinetoscópio,
um instrumento individual onde se assistiam filmes de até 15 minutos.
À
medida que o Cinetoscópio ganhou popularidade, a Edison Company começou a
instalar máquinas em lobbies de hotéis, parques de diversão e fliperamas, e
logo os chamados "salões de Cinetoscópio" foram abertos em todo o
país. No entanto, Edison recusou a ideia de projetar suas imagens para uma
audiência maior, alegando que tal invenção seria menos lucrativa.
Logo
variações do Cinetoscópio foram criadas e distribuídas pela Europa. Essa nova
forma de entretenimento foi um sucesso instantâneo, e vários mecânicos e
inventores, vendo uma oportunidade, começaram a brincar com métodos de projetar
as imagens em movimento em uma tela maior. No entanto, foi a invenção dos
irmãos Auguste e Louis Lumière - fabricantes de produtos fotográficos em Lyon,
na França - que tiveram o maior sucesso comercial.
No
ano de 1895, os irmãos Lumière criaram, a partir do aperfeiçoamento do
Cinetoscópio, o Cinematógrafo (de onde se originou o termo cinema). O aparelho
desenvolvido por eles, filhos de um fotógrafo e proprietário de uma indústria
de filmes e papéis fotográficos, é o ancestral da filmadora. Era movido à
manivela e utilizava negativos perfurados. Como era leve, o instrumento
facilitava filmagens externas e, ao longo dos anos os irmãos usaram a câmera
para fazer mais de mil curtas-metragens, a maioria dos quais retratava cenas da
vida cotidiana. Desta maneira, o invento dos irmãos franceses superou os
concorrentes e transformou-se no aparelho preferido daqueles que desejavam
registrar imagens em movimento.
A
sua primeira exibição, “La Sortie de l’unsine Lumière à Lyon” (A saída da
Fábrica Lumière em Lyon) aconteceu no dia 22 de março de 1895 no Grand Café
Paris para uma pequena plateia, mas foi um grande passo para um novo rumo na
indústria do entretenimento. Os primeiros filmes representavam cenas cotidianas
e cativavam cada vez mais públicos fascinados com a tecnologia “moderna”.
Cinema
Narrativo
Até
então, o cinema era visto apenas para fins documentais e para registrar através
de uma câmara estática algo que estava acontecendo diante da lente. Seria o que
chamamos de "teatro filmado".
No
entanto, dois pioneiros do cinema vão utilizar as câmeras para contar
histórias, criar técnicas e narrativas que somente seriam possíveis com este
aparelho. Eles são Alice Guy-Blaché (1873-1968) e Georges Méliès (1861-1938).
A
francesa Alice Guy foi a primeira cineasta mulher e a primeira pessoa a
explorar a via narrativa do cinema. Autora de quase mil obras, fez seu primeiro
filme baseado num conto popular, “A Fada dos Repolhos” (1896).
Alice
Guy trabalhava como secretária na fábrica e produtora de cinema Gaumont, quando
os irmãos Lumière foram fazer uma demonstração do seu recente invento.
Encantada com o aparelho, Alice Guy começou a experimentar o aparelho: filmar
com dupla exposição, atrasar ou apressar a velocidade da câmara a fim de
conseguir efeitos interessantes para narrar suas estórias. Ela ainda seria a
primeira a usar cores e som nos seus filmes.
Nos
Estados Unidos três anos depois, Alice Guy criou sua própria produtora e
construiu estúdios para filmar suas obras. Após se divorciar em 1920, volta
para a França, mas não consegue retomar sua carreira de diretora. Completamente
apagada da história do cinema, Alice Guy-Blaché faleceu em 1968.
Por
sua vez, o mágico e ator francês Georges Méliès também trabalhou no
desenvolvimento da linguagem cinematográfica introduzindo cortes,
sobre-exposição e zoom. Nascido em Paris, em 1861, Méliès comandava seu próprio
teatro na capital francesa e foi convidado pelos irmãos Lumière para assistir a
exibição do Cinematógrafo em 1895.
Méliès
queria usar o aparelho nos seus espetáculos, mas os irmãos não o venderam. De
qualquer maneira, ele comprou uma máquina semelhante e começou a escrever
roteiros e atuar. Aperfeiçoou os truques próprios do teatro e do ilusionismo
para o cinema e assim alcançou grande sucesso, tornando-se o pai dos efeitos
especiais do cinema. Seu maior êxito foi a o filme "Viagem à Lua", de
1902, onde adaptou a célebre obra de Júlio Verne para o cinema.
Após
os filmes de Meliès, surgiram as produções de D. W. Griffith (considerado
criador da linguagem cinematográfica), nos Estados Unidos; as produções
expressionistas e do “Movimento de Câmera”, na Alemanha; do surrealismo, na
Espanha; e o cinema soviético, sobretudo com nomes como Vertov e Eisenstein.
Fique ligado e acompanhe as redes do InC para saber sobre os diferentes
momentos do cinema!
Por
Isabella Thebas
https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/a-origem-do-cinema#:~:text=No%20entanto%2C%20foi%20a%20inven%C3%A7%C3%A3o,se%20originou%20o%20termo%20cinema).
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