A
MENINA QUE TINHA MEDO DO ESCURO
Denise tinha medo do escuro, dormia de
abajur ligado, qualquer movimento da cama, pensava: “o bicho papão está debaixo
da cama!”: “ Ai, meu Deus, não permita que entre água trazendo jacaré” .
Levantava da cama, para acender a luz do
quarto, olhos apavorados, olhava debaixo da cama, o bicho não estava lá.
Receosa, apagava a luz, olhando para todos
os lados, para ver se estava vazio o quarto. Por ela, queria que a luz do
quarto ficasse acesa, mas seus pais não deixavam, o máximo que podiam deixar era o abajur ligado.
Demorava para dormir e era um sacrifício
acordar cedo para ir a escola.
A mãe a levantava da cama, a vestia, a
levava ao banheiro para fazer xixi e escovar os dentes, toda santa manhã.
Estava exausta com o medo do escuro da filha.
Quando a noite chegava, pedia pelo amor de
Deus se poderia dormir com os pais. Eles não deixavam de maneira nenhuma a
menina dormir no quarto deles.
Chorava, batia os pés, fazia pirraças, mas
não adiantava. Era toda noite a mesma
novela...
Uma certa tarde, a irmã da mãe, que era
madrinha de Denise, junto com o marido, ouvia os desabafos da mãe de Denise, e
o padrinho sugeriu:
__Que tal colocar uma câmera espiã, para
mostrar a Denise que não precisa ter medo do escuro, você mesma me disse que
ela se sobressalta com os balanços da cama? É ela se mexendo e não percebe, se
assusta com o barulho dos galhos da árvores
quando batem na janela, morre de medo do ranger da porta. Se eu fosse você,
colocaria a câmera.
Os pais de Denise acharam boa a ideia.
No sábado, o pai foi a loja e o vendedor
disse que tinha uma lâmpada que tinha câmera espiã, tinha que deixar acesa a
luz, para poder fazer a captura das imagens que eram também noturnas.
Assim , comprou lâmpadas para colocar em
todos cômodos, menos no banheiro.
Durante cinco noites, Denise chorava para
dormir com os pais, porém sem sucesso.
Quando chegou sexta feira, que era feriado
nacional, o pai chamou a Denise e a mãe para observarem a câmera no quarto da
menina.
Denise se viu, e reparou que o balanço da cama acontecia
toda vez em que o corpo dela que mexia ; viu, espantada, que o barulho vindo da
janela, era por causa da batida constante dos galhos da árvore; quando ela se
levantava, ouvia os próprios passos imaginando que eram dos monstros. Ela se
viu acendendo a luz, olhando debaixo da cama e não encontrando nada. Denise
entendeu que não precisava ter medo do escuro, percebeu que tudo era fruto da
sua imaginação. Beijou os pais, deu boa noite a eles, para alivio e espanto dos
pais, pela primeira vez, a partir daquela noite, dormiu sem a luz do abajur
aceso e sem medo.
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